Avanço da vacinação e desejo por melhor qualidade de vida incentivam prática de atividade física em Araraquara

Especialista em biomecânica e fisiologia do exercício dá orientações para quem está começando a se exercitar e já passou pela avaliação com o cardiologista.

Por Geovana Alves

Um par de tênis confortável e uma garrafa com água gelada têm sido os companheiros de treino do mecânico de tear circular Igor Dias desde que o rapaz de 25 anos passou a frequentar a academia após tomar a primeira dose da vacina em Araraquara (SP).

A decisão surgiu com o objetivo de preencher o tempo livre que Igor tinha após trabalhar a noite toda na fábrica, assim como para melhorar a saúde física e mental que pioraram com o distanciamento social. 

Segundo o mecânico, em menos de um mês os resultados da prática de atividade física começaram a aparecer na rotina.

“Meu sono ficou melhor, eu comecei a ter mais disposição no trabalho, no dia a dia. A academia me ajudou muito”, diz Dias. 

Quem também está comemorando as mudanças causadas pelo exercício físico é a consultora de imagem Letícia Guerra, que começou a treinar no início de setembro, logo após se imunizar. 

Frequência dos treinos deve ser adaptável a rotina da pessoa para que ela consiga seguir      (Geovana Alves)

A jovem de 22 anos procurou a academia para melhorar o quadro de ansiedade e minimizar o estresse diário para também dormir melhor, mas, antes de testar essa alternativa, Guerra tentou algumas atividades em casa, como aulas online de yoga e treinamento funcional.

De acordo com a consultora, uma das dificuldades iniciais de trocar o quintal de casa pelas salas com equipamentos foi passar a usar a máscara durante os exercícios. Para evitar algum possível mal-estar, Guerra tem seguido as recomendações dos professores. 

“A indicação que eu recebi da instrutora foi fazer com calma, então, se eu for fazer uma sequência de braço, vou devagar, não me afobo. Eu estou fazendo bastante esteira também e não dá para ficar andando muito rápido ou correndo muito tempo, precisa fazer o intervalo entre a corrida e a caminhada”, conta a jovem.  

Próximo plano: se movimentar

Já para as pessoas que estão tentando vencer o sedentarismo, há mais algumas orientações. Por exemplo, é necessário evitar exercícios com grandes impactos ou muito intensos, porque é preciso preparar o corpo nos primeiros meses para que possa aumentar gradativamente a intensidade dos treinamentos, obedecendo às limitações de cada um, como explica a especialista em biomecânica e fisiologia do exercício Leticia Pastrello Conte. 

“Costumo retomar os treinos para quem estava parado com exercícios de peso corporal, sem carga no início, e depois incrementar equipamentos e cargas, para não gerar um estresse muscular tão grande no indivíduo”, argumenta a especialista.  

Uso obrigatório de máscara exige treinos mais lentos e graduais                                               (Geovana Alves)

Sobre a frequência, Conte diz que até mesmo fazer uma atividade física de 30 minutos uma vez por semana já faria diferença para quem é sedentário, porém, a profissional recomenda a prática de exercícios de 2 a 5 vezes na semana, com a duração que mais se encaixar na rotina da pessoa. 

Outro ponto que merece atenção, tanto para quem pretende retomar as atividades físicas após um período parado, como para quem nunca se exercitou, é a necessidade de realizar uma avaliação médica antes de iniciar as práticas. 

Segundo o cardiologista Yuri Brasil, no caso de pessoas com doenças cardíacas, por exemplo, a recomendação é que sejam feitas consultas e exames regulares para que o médico possa indicar a melhor maneira de se exercitar sem que o paciente corra nenhum risco.

Para o médico, o acompanhamento de um cardiologista é necessário independente da atividade física escolhida, sejam caminhadas, corridas, musculação ou qualquer outro esporte. “O mais importante é fugir do sedentarismo e buscar uma rotina de exercícios regular, mesmo que dentro de casa”.

Expectativa para o segmento fitness 

O movimento de retomada às atividades físicas presenciais tem sido comemorado pelos profissionais do segmento fitness de Araraquara. O personal trainer Dennis Pavanelli é um deles.

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Ele viu o número de alunos matriculados no centro de treinamento em que é proprietário cair mais de 50% após o estabelecimento permanecer fechado durante as fases mais restritivas do Plano São Paulo em 2021. 

No município, também foram decretados dois longos lockdown’s, um em fevereiro e outro em junho deste ano, que restringiram a circulação de moradores, suspenderam o transporte coletivo e fecharam os serviços não essenciais. 

De acordo com o personal, a situação começou a melhorar de fato com o avanço da vacinação na cidade. Em agosto, quando o calendário de imunização chegou à faixa etária de 16 anos ou mais, ele está se aproximando ao total de alunos que tinha em 2020.

“Nós estamos em recuperação e em breve teremos em torno de 100 inscritos novamente. Hoje, a gente posta vídeos e fotos do estúdio para fazer o marketing e temos conseguido um número muito legal de alunos por conta disso”, disse Pavanelli.

E não é apenas o proprietário do centro de treinamento que está apostando no marketing para conquistar novas pessoas. O analista de mídias Leandro Henrique Siqueira Molina argumenta que as incertezas causadas pela pandemia aumentaram o potencial da parceria entre profissionais de marketing e do segmento fitness. 

“O marketing pode ajudar não só na divulgação de serviços diferenciados para os momentos em que as academias não puderem abrir, mas também para entender como elas vão conseguir atuar mesmo fechadas. Se é por meio de uma aula ao vivo ou de um plano diferenciado, por exemplo, e o marketing tem um papel importantíssimo para entender essa redefinição, passar para o público e, consequentemente, atrair novos alunos”, explica o analista. 

Ainda segundo Molina, a expectativa para os próximos meses é de aquecimento do segmento fitness, devido ao avanço da vacinação, aliada à maior flexibilização das medidas restritivas e à aproximação do verão, que é um período naturalmente de alta.

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