Autoestima e identidade: o look perfeito

O que está além do que se enxerga em alguém?

Por Laura de Almeida Gallinari

Você já reparou nos pensamentos que passam pela sua mente enquanto escolhe uma roupa? Ou arruma o cabelo de uma maneira diferente, passa uma cor de maquiagem não muito comum, decide fazer uma tattoo… Por que você faz essas escolhas

Talvez você ache bonito, fique à vontade ou percebe que aquilo combina contigo. Todavia, independente de como você responda, saiba que a sua escolha tem algum tipo de conexão com o seu estilo. E o seu estilo está interligado com dois traços que existem dentro de cada indivíduo, mas que muitas vezes passam adormecidos por muito tempo, ou a vida toda: autoestima e identidade

Mas autoestima e identidade não são a mesma coisa?

Calma! Ambas podem andar juntas, mas não são a mesma coisa. Para entender melhor o que é cada uma, a psicóloga Fernanda Rezende, 32 anos, explica em detalhes o que é a autoestima: “Ela vai sendo construída ao longo do desenvolvimento da pessoa, a partir das experiências que ela têm. A autoestima é algo que a pessoa consegue descrever e perceber sobre ela mesma, desde se olhar para o espelho e se sentir bem com o que vê, como se perceber diante à sociedade, em termos de ser alguém efetivo, eficiente”.

Existem semelhanças entre os dois termos, mas a psicóloga ressalta as diferenças existentes; “A identidade também vai sendo construída ao longo do tempo. Assim como a autoestima, na identidade você também consegue se descrever e perceber coisas sobre si próprio; mas, também é algo que conseguimos descrever de acordo com aquilo que fazemos. Aquilo que a gente faz também determina a nossa identidade”, comenta. 

“Autoestima é quando você consegue se perceber de um modo positivo; já a identidade, pode mudar conforme os papéis que se exerce na sociedade, mas ainda assim pode existir um senso sobre o que ela é (quem você é)” – Fernanda

Por mais que estejam interligadas, nem sempre as duas coisas agem de forma positiva ao mesmo tempo. Uma pessoa pode ter uma definição clara de quem ela é, mas mesmo assim ter uma baixa autoestima. E o contrário também pode acontecer: “Em alguns momentos, a identidade pode entrar em crises, e a pessoa não conseguir responder ‘quem eu sou?’”, Fernanda esclarece. 

Autoestima e identidade x Padrões de beleza

É difícil negar que o ser humano não é um ser visual. Ainda mais nos dias atuais, em que a maioria das mídias sociais se pautam em fotos, e que os recursos para fazer e compartilhar imagens se tornaram mais acessíveis. Mas, mesmo que várias pessoas acessem o mesmo conteúdo, a interpretação sobre isso poderá ser diferente para cada uma. 

Isadora Andrade, 23 anos, é publicitária e afirma que hoje em dia consegue se enxergar naquilo que veste: “Isso foi se construindo aos poucos, quando comecei a realmente me importar com o que eu gosto e não com o que as pessoas esperam”, conta. 

Além disso, ela também comenta sobre ter uma boa relação com a autoestima: “Me sinto bonita como sou, aceito meu corpo, minhas qualidades e defeitos internos. Acredito muito que não preciso seguir um padrão para me sentir assim”. Mas, Isa garante que não é do dia para noite que as coisas serão dessa forma.

“A pressão social sobre a aparência te faz acreditar que você não pode ser como deseja, e isso influencia de forma negativa a autoestima” – Isadora

A estudante de Jornalismo, Isabela Landim, 21 anos, conta que tem dias bons e ruins com a autoestima: “É uma construção diária e eu acho que ela nunca é totalmente perdida”, comenta. Ela também associa a criação de uma boa autoestima com uma mudança de hábito: “Isso começa quando você deixa de se ver de maneira negativa. É difícil mudar e vai exigir um esforço grande”.

Isabela explica que essa “negatividade” que existe, ao se olhar no espelho, nasce a partir da sociedade de consumo nos dias de hoje: “Essa sociedade educa a mulher a não se achar suficiente por si só. Mostra que a mulher deve consumir coisas para se fazer completa, porque a autoestima dela também está ligada ao capitalismo”, observa. 

Os impactos da sociedade consumista e padrões de beleza afetam todas as pessoas, independente do gênero. Fernanda explica que quando um padrão é imposto, ele pode ser um pouco opressivo, e que é um processo difícil de se passar. Para isso, é necessário desconstruir o que foi ensinado: “É quando a pessoa percebe que existe um padrão e ela consegue, de certa forma, olhar para ele, ter uma visão crítica e perceber que gosta mais de ser de outro modo”, detalha.  

O reflexo da identidade é no seu estilo

Você veste aquilo que se sente confortável; deixa o cabelo para o lado que mais gosta; passa a sua cor preferida de maquiagem e esmalte; ou simplesmente, só pega a primeira roupa que vê no armário, coloca e se sente bem assim. Em ambos os casos, é a sua identidade que está falando mais alto. 

Está tudo bem não entender direito ainda como é sua identidade e não saber escolher a roupa certa para o seu estilo. Isabela comenta que as roupas que ela usa não é na intenção de mostrar quem ela é: “Não é como se a roupa fosse a minha identidade, é como se ela trouxesse algo para mim”, explica.

“Trabalhar o seu estilo é ir um pouco mais além” Isabela
A estudante também conta que enxerga seu estilo como uma forma de se proteger e estar preparada para encarar a vida lá fora: “É como você se sente confortável, porque se você não estiver confortável, você vai estar vulnerável”. Além disso, ela finaliza afirmando que “Quando você se sente bem, você não tem medo de ocupar espaço, de ocupar o seu lugar no mundo”.

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